Hoje em dia é difícil imaginar os clubes brasileiros e internacionais não contando com ajuda dos seus patrocinadores em suas camisas de futebol, uma vez que essa é uma das fontes importantes de receita dos clubes.
O clube que abriu as portas para os patrocinadores foi o desconhecido Eintracht Braunschweig. Atualmente o centenário clube, com sede em Brunsvique, centro-norte da Alemanha, atua na 3. Liga, terceira divisão do futebol alemão.
Além de ser o precursor do patrocínio esportivo, o clube é um dos fundadores da Bundesliga, onde no ano de 1963, juntamente com outras 15 equipes alemãs, fundou um dos campeonatos mais importantes do mundo. Antes disso, o Campeonato Alemão, criado em 1903, tinha sua estrutura regionalizada. Só no ano de 1967 o clube sagrou-se campeão da Bundesliga.
Em 24 de março de 1973, em um jogo contra o Schalke 04, o time alemão, em uma incrível jogada de marketing, colocou a logomarca da cervejaria Jägermeister em seu uniforme, que não contava com o escudo do clube, fazendo da imagem do patrocinador a única presente. O patrocínio rendeu muitos Marcos (antiga moeda alemã). Embora tenha tido sucesso fora dos campos, dentro das quatro linhas o desempenho não foi nada bom e o clube acabou sendo rebaixado nessa mesma temporada.
Tal atitude foi pioneira no mercado de marketing esportivo e diversos clubes passaram a estampar as logomarcas de seus patrocinadores em suas camisas. O Liverpool (ING) e o Bayer de Munique (ALE) foram os primeiros a seguir a tendência. Lembrando que até então, nenhum clube alemão podia estampar qualquer patrocínio em sua camisa, por proibição da Federação Alemã. A FIFA apenas liberou o anúncio para todas as federações em 1980.
O patrocínio em clubes de futebol em terras tupiniquins, de forma legalizada, só aconteceu em julho de 1982, com autorização do Conselho Nacional de Desportos (órgão foi responsável pela regulação e regulamentação de todos os esportes e suas respectivas federações e confederações no Brasil), extinto em 1993. Inicialmente podia expor patrocínio apenas nas costas, sobre o número das camisas. No ano seguinte foi autorizado exposição na parte frontal das camisas.
Mediante autorização, o primeiro clube a ter patrocínio esportivo, foi o clube mineiro Democrata Futebol Clube, mais conhecido como Democrata de Sete Lagoas, que ostentou a marca da empresa Equipe (indústria mineira de materiais esportivos) em suas camisas; quase ao mesmo tempo, o Ceará também teve seu primeiro patrocinador, a Associação Cearense de Cadernetas de Poupança. Consequentemente demais clubes aderiram à idéia.
Confira quais foram as principais e mais vitoriosas parcerias do futebol brasileiro:
Atlético – MG
Teve seu primeiro patrocínio em 1982, quando apresentou o Credireal (Banco de Crédito Real) nas costas. Na frente, a marca pioneira foi a do banco Agrimisa, em 1986. Em seguida vieram as construtoras: Precon (1984), Tenda (1997 e 1998) e MRV (2004 a 2007), que marcaram época. Hoje o Galo conta novamente com parceria da MRV para construção do seu novo estádio.
Botafogo
Somente em 1985 o Botafogo trouxe uma marca em seu uniforme: a da rede de postos de combustíveis Atlantic. Em seguida, veio a fabricante de tapetes automotivos 3B-Rio, antes da longa parceria com a Coca-Cola (1987 a 1994).
Um dos patrocinadores de maior sucesso no Fogão é, até os dias hoje, o refrigerante Seven Up, marca da gigante norte-americana PepsiCo. No clube em 1995 e 1996, a empresa estampava sua marca na camisa alvinegra durante a campanha do título do Campeonato Brasileiro de 1995. Em uma ação de marketing, o atacante Túlio Maravilha, principal ídolo daquele time, passou a usar a camisa 7 ao invés da 9 e se tornou garoto propaganda da empresa. Segundo dados do Instituto Nielsen, em oito meses a marca conquistou 35,4% do segmento limão do mercado nacional de refrigerantes.
Corinthians
A esponja de aço Bombril foi a pioneira na camisa do alvinegro, em 1982. A empresa voltou patrocinar o clube em 2012, durante as finais da Taça Libertadores da América. Depois, o Timão abrigou várias marcas até firmar uma parceria de quase dez temporadas com a Kalunga, rede de lojas de material para escritório fundada por Damião Garcia, conselheiro do clube.
Em 2009, após fechar a contratação do atacante Ronaldo “Fenômeno”, o Timão deve um boom de patrocinadores, dentre os principais o Grupo Hypermarcas, Banco Panamericano/Grupo Silvio Santos, Batavo/Perdigão, entre outros. O maior artilheiro brasileiro em Copas do Mundo jogou no Corinthians até 2011, levantando dois títulos (Campeonato Paulista 2009 e Copa do Brasil do mesmo ano).
Cruzeiro
Em 1984, finalmente aderiu à estratégia, estampando a rede de varejo Medradão. As relações mais duradouras foram com a Coca-Cola (1987 a 1994) e com o vitamínico Energil C (1995 a 1999).
Flamengo
O patrocínio da Petrobras é o mais longevo do futebol brasileiro (entre 1984 e o início de 2009), explorando de forma quase ininterrupta a marca de lubrificantes Lubrax. O rubro-negro contou com apoio financeiro da Caixa Econômica Federal até 2018. Recentemente o clube carioca fechou patrocínio máster com o Banco BRB, que já era patrocinador da equipe de basquete desde julho de 2019.
Fluminense
A primeira marca na camisa tricolor, em 1984, foi a dos relógios Mondaine. Não durou muito tempo e o clube recorreu a patrocínios pontuais naquele ano, inclusive na final do Campeonato Brasileiro, com o banco Nacional.
O Flu teve como principal patrocinador a Unimed. Ao longo dos 15 anos de parceria (1999 a 2014), o tricolor das Laranjeiras conquistou diversos títulos tais como Copa do Brasil 2007 e os Campeonatos Brasileiros de 2010 e 2012.
Grêmio
A fornecedora de material esportivo Olympikus apareceu nas costas do uniforme gremista, mas somente em 1982. A camisa ficou limpa até 1987, quando chegou a Coca-Cola. Vale ressaltar: a empresa norte-americana não pôde usar sua cor tradicional, o vermelho. Desde 2001, o banco Banrisul ocupa o espaço máster.
Internacional
No início, apenas em jogos internacionais era permitida a publicidade. O colorado foi o primeiro a explorar a medida, exibindo a Pepsi sobre o número num torneio em Montevidéu, em 1982. Depois veio a empresa de previdência Aplub. Como o rival, conta com o patrocínio do Banrisul desde 2001.
Palmeiras
No fim de 1983, a Bandeirante Seguros estreou o espaço publicitário da camisa alviverde, mas por pouco tempo. Passaram muitas marcas até a Parmalat chegar em 1992 para revolucionar a relação entre empresa e clube, envolvendo gestão. Uma das parcerias mais vitoriosas do futebol brasileiro, dentro de campo o Verdão levantou 11 títulos, destacando-se a inédita conquista da Copa Libertadores da América em 1999. Atualmente, o clube conta com enorme aporte financeiro do grupo Crefisa.
Santos
Somente na final do Campeonato Brasileiro de 1983 foi que o Peixe teve seu primeiro patrocinador nas costas: as Casas Bahia. Na retomada vitoriosa do clube, com o bi brasileiro (2002 e 2004), tinha Bombril no peito. A fase recente que contava com o craque Neymar (2009 a 2013) foi explorada por Semp Toshiba, Seara, Banco BMG e Philco.
São Paulo
O tricolor paulista teve, na decisão do Campeonato Paulista de 1982, os amortecedores Cofap nas costas. Exibiu várias marcas nos primeiros anos e teve boas parcerias com Coca-Cola (1987 a 1991) e TAM (1993 a 1996).
A parceria entre o São Paulo e LG é lembrada pela torcida tricolor com muito carinho, o patrocínio começou em 2001 sendo finalizado em 2010. Foi um período vitorioso, nos anos em que a marca patrocinou o clube ganhou: o Torneio Rio-São Paulo (2001), Campeonato Paulista (2005), Taça Libertadores da América (2005), Mundial de Clubes (2005) e três Campeonatos Brasileiros seguidos (2006-2008).
Vasco
Assim como o Palmeiras, o primeiro patrocínio foi a Bandeirante Seguros, em 1983. Ficou com a Coca-Cola entre 1987 e 1994. Por motivos administrativos, o clube cruzmaltino teve ao longo de sua história, por diversos períodos, sua camisa sem nenhum patrocínio.
O clube carioca tem em sua história o case de ter em 2001, como patrocinador o SBT. A idéia do patrocínio foi uma “vingança”. No primeiro jogo da final contra o São Caetano, um acidente em São Januário (estádio do Vasco) deixou vários feridos. O então presidente, Eurico Miranda, sentiu-se ofendido com a cobertura da Rede Globo. Como forma de manifestação, o clube colocou gratuitamente o logo do SBT, concorrente na TV aberta.